quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Dulcinéia atravessa mares



Desde a criação do coletivo Dulcinéia Catadora tínhamos a intenção de atravessar águas divisoras e formar parcerias com autores de língua portuguesa. E Luís Serguilha, escritor e poeta português, marcou o início desse processo, com seu livro Korso. Este ano teremos mais um escritor português no catálogo e procuramos ter a participação de escritores de países africanos de língua portuguesa. Consideramos também a possibilidade de disseminar a ideia de criação de projetos semelhantes no continente africano.

Luís Serguilha é escritor respeitado no Brasil e, com orgulho, podemos acrescentar às suas obras o livro Korso, confeccionado por nós com carinho. Korso pode ser encomendado, bastando enviar o pedido para nosso e-mail, dulcineia.catadora@gmail.com. Além de ter capas únicas, pintadas à mão, é vendido por R$6,00 e chega bem rápido pelo correio.

O livro estabelece um diálogo com poemas de Luci Collin e Ana Maria Ramiro e a elas é dedicado.

Aí vai uma amostra:

linhas-de-fuga-dos-inescritos
As cascas dos pêndulos da cosmopolização descolam-se
entre os carregadores de matrizes da vinhagem (rufar CIBERNÉTICO das estirpes: as glandes dos VITRAIS ¬¬¬ unificam dos radares da mordoma-mor-das-esquadras-lácteas) e as morfinas imprevistas dos portos localizam as terminologias ópticas das ROSAS VELOZES
que enigmaticamente
aspiram as incubações das lamas luminosas
onde os halos das aterragens revisitam os búzios pensativos dos atlas-hinos para balouçarem nas boleias dos socalcos aéreos

(abantesmas-interruptores dos pórticos interiores a enforcarem as camaratas fotográficas nas centopeias-néons: as abóboras escoam os sons das ferraduras até à computação do tórax lunar)
Nas gradações artesianas das placentas transatlânticas os caçadores de válvulas flamejam porque desencadeiam
os arpões magníficos dos lugares “INESCRITOS”

IMPRESSORAS dos RUMORES das cividades
balouçando na voluptuosidade dos crisântemos
(bailados dos pássaros-meridianos das contexturas excêntricas)

“No céu como diamantes ”as minúsculas ânforas de mercúrio coordenam as pautas das jóias no arquejante gérmen das acelerações cerâmicas
e os relâmpagos insaciáveis da seara contrariam a soberana demarcação dos astros da escrita
como um contorno explosivo da actínia a vislumbrar a cordoagem do cavalo ultramarino
que digere os cruzamentos da lava outonal (vulcânica poeta a purificar os ervateiros-medulares e os arquitectos menstruais como cisternas de dialectos a acolher os violinistas-das-monções na ferocidade da espiral vermelha: o enigma fascinador da sua existência sela as baías da respiração das luzes: bússolas a reconciliarem os animais guerrilheiros das polinizações)
As fronteiras-tochas do canavial flutuam
sobre o andamento das vertiginosas substâncias porque a caçada antropófaga asila-se nos ancoradouros-incalculáveis das veias dos núcleos da futuração
(a vaticinação química dos equinócios inclina-se nas manufacturas caleidoscópicas das raízes
para irisar os fechos dos filamentos lucífugos)

DIAMANTE diluviano a extasiar as constelações das ressonâncias entre os mênstruos das penínsulas aracnídeas onde os corpos hipnóticos das palavras desabrocham clepsidras nas flamívomas ervas: as ruminações das mandíbulas desmantelam os chocalhos das danças autobiográficas (profusamente os protectores dos pavões das laranjeiras aclamam os cânticos arquitectónicos dos alfarrabistas e as argilas genuínas concebem respiráculos silenciosos para ascenderem iluminadamente nas tecedeiras invencíveis das caravanas da obscuridade

ENCICLOPÉDIAS de vespas fulminantes no cio inaugural dos itinerários dos abismos autorais ____ grão selvático no refluxo magnético dos navios da linguagem arterialmente inoxidável)

¬¬¬¬¬¬¬___”PARTO DO NADA”__ escorpião-vermelho liquefazendo o abate selectivo das telas giratórias da respiração e o anzol das vocalizações cinge as aves brancas do sangue (ourives imaginário a tropeçar no universo dos violinos de fogo para serpentear entre os fórceps do crocodilo-do-aquário e a rosácea prestidigitadora
que furiosamente subtrai os corredores das tendas herbívoras às meninges zodiacais: os óvulos-bibalves dos reservatórios da animalidade forjam as moléculas do arsenal dos candelabros até à rebentação dos diafragmas onomatopaicos (fundo perfeito dos enxames impacientes: as respirações primitivas electrocutam as pedrarias e os bichos cantam a sexualidade na profundidade dos espelhos)

Para os que ficaram curiosos, recomendamos a leitura de crítica sobre as construções poéticas de Serguilha, realizada por Eclair Almeida e Bruna Ferraz, do grupo de Estudos Blanchoeanos da Universidade de Brasília e postado pela revista germina:



http://www.germinaliteratura.com.br/2009/literatura_dez2009_eclairalmeidaebrunaferraz.htm

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