sábado, 9 de junho de 2012

Colaboração de Silas Correa Leite

Silas é poeta, participou de uma coletânea publicada pelo Dulcinéia, H2Horas, título dado por ele.
Enviou-nos um poema a nós dedicado. O coletivo agradece!
Segue abaixo, vale a pena ler!

SOMOS TODOS CATADORES

Para a Dulcineia Catadora

“Estou sempre lendo. Leio os livros, leio as ruas,

leio os edifícios, leio as pessoas pela cidade...”

Henry Miller, Trópico de Capricórnio



Somos Todos Catadores

Desde os primórdios

Nas cavernas; tintas de flores

Para demarcar a escrita cuneiforme, ou para esboços de rústicos desenhos de mamutes e bisontes entre flechas e fulgores.



Somos todos catadores

Nômades, peregrinos; andarilhos

Ou sedentários – seres filhos

De antigos catadores ancestrais

Do extrativismo de subsistência, mais

Até os navegadores que compartilham o que catam no facebook da internet



Somos todos catadores

Ciganos, urbanos, paisanos, humanos, insanos

Destruindo, nas catações extrativistas

Recriando nas catações urbanas; processando

Preservando, reciclando...



Somos todos catadores

No twitter catamos as pérolas que multiplicamos

No orkut catamos scraps que disseminamos

Nas infovias, como catadores com cincerros de última geração

Viçamos em consumos predatórios com grife...



Somos todos catadores

Entre as bárbies – e as barbáries

Entre o lixo – e os aterros sanitários

Entre a fome – e os chorumes muito além da decantação



Como catadores de ruas deixamos rotas de preservação

E como poetas (catadores de palavras) seres sensíveis – poeiras de estrelas - vamos demarcando a civilização

E assim, então, também vamos nos deixando

Nessas catanças; em neuras ou sequelas de predação

De miséria e poluição

Até as futuras civilizações nos redimirem, muito além de muito ouro e pouco pão:



Como catadores de estrelas



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Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes, Cidade Poema

E-mail: poesilas@terra.com.br

WWW.portas-lapsos.zip.net

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